Pressão e padrões sociais da maternidade

“Será que o teu leite chega? O bebé parece ter fome!”
“Não podes dar tanto colo. O bebé vai ficar mimado!”
“Não durmas com ele na tua cama!”
“Depressão pós-parto? Tem juízo! Tens é sono! Aproveita para dormir quando o bebé fizer a sesta!”.

Podíamos continuar a dar tantos - mas tantos - exemplos…
Todas as recém-mamãs ouvem ou vão ouvir alguma destas frases ao longo dos primeiros meses de vida do bebé. Afinal, se durante a gravidez, subitamente, todos à nossa volta se tornam obstetras, depois do bebé nascer, estamos rodeados de pediatras e entendidos em maternidade.

Ao longo dos nove meses, as grávidas preparam-se o melhor que conseguem para um dos mais importantes papéis das suas vidas, mas, na realidade, por mais pesquisa, cursos ou ajuda, ninguém consegue preparar uma mulher para ser mãe. É o tempo e a experiência que lhe dão essa capacidade e, muitas vezes, quem quer ajudar só vem aumentar os receios de quem ainda está a tentar perceber como funciona “isto” da maternidade, causando-lhe insegurança e baixa autoestima.

Esta pressão a que as recém-mamãs estão sujeitas, vai além do espetro familiar. As redes sociais passaram a ser o molde de como ter a vida perfeita. Mães de corpo esbelto, cheias de tempo para viagens, para namorar e para as idas ao ginásio, com a casa impecavelmente limpa… esqueçam isso, recém-mamãs. Há todo um outro lado para além do conto de fadas e é importante lembrarem-se que não estão sozinhas.

Poderão sentir-se tristes ainda que tenham sido mães (olá, hormonas desregradas), a líbido poderá diminuir, -, e é normal não ter o corpo perfeito passados poucos meses do nascimento do bebé. Foram nove meses a criar um bebé dentro das vossas barrigas, não têm de ficar perfeitas passadas duas semanas. O vosso corpo é a primeira casa dos vossos filhos e, como qualquer lar, fica com marcas da história vivida no seu interior.

Lembre-se sempre que a criança precisa da mãe mais do que ninguém. Se pensar bem, são nove meses aconchegados na barriga que, subitamente, são interrompidos com a chegada a este mundo cheio de sons, cheiros e confusão. Aquele lugar escuro onde passaram tanto tempo protegidos é agora ocupado por um lugar mais frio, longe daquilo que conheciam como porto seguro. O colo da mãe é o melhor lugar que eles podem conhecer durante os primeiros meses de vida e nunca será demais.

Marque o seu espaço. Lá porque, antigamente, a família estava toda reunida à espera do bebé quando a mãe regressava da maternidade, isso não tem de acontecer agora! O seu bebé precisa apenas de si e de paz.

Não tenha medo de dizer “basta”, que não quer visitas a menos que seja para lhe levarem uma travessa com uma refeição ou para lhe lavar a roupa. Estabeleça limites, defina o seu espaço e o do seu filho e lembre-se: ninguém conhece o bebé como a sua mãe e, se uma dica preciosa funcionou com um bebé há 20 anos, isso não quer dizer que funcione agora com o seu. Cada bebé é único, tal como os adultos.

Qualquer dúvida que lhe surja contacte o seu obstetra/pediatria.