A verdade sobre a amamentação

O pior sobre a amamentação é ter de ouvir aquelas vozes hipócritas exaltando as suas virtudes infindáveis, normalmente as mesmas pessoas que diziam que o parto não doía nada. Aos olhos dessas pessoas, o leite de substituição é um veneno e o biberão é tabu – um ato de negligência grosseira. A maior parte das mulheres compreendem que o leite materno é melhor e querem o melhor para o seu bebé. As vantagens estão bem documentadas. É física e emocionalmente mais saudável para o bebé e para a mãe, é gratuito e queima calorias, como não gostar? 

No entanto, o que as mulheres não querem é ser tratadas com condescendência ou que as façam sentir-se culpadas pelas escolhas que fazem ou têm de fazer. Existem muitos motivos para uma mãe escolher não amamentar (médicos, psicológicos, fisiológicos, económicos). Aliás, amamentar em exclusivo pode tornar-se impossível quando estamos a trabalhar e muitas mães têm de trabalhar. As razões para amamentar ou não, são tão diversas como as próprias mulheres e é vital estar bem informada sobre os prós e os contras.

A realidade da amamentação

  1. Dói... É provável que o início da amamentação doa. Os seus mamilos não saberão o que lhes aconteceu. A amamentação é uma competência que tem de ser aprendida. O que importa é a “pega”. Uma má pega pode levar a seios doridos e inchados, mamilos gretados e sangramentos. Em alguns casos ingurgitamento, canais obstruídos, mastite, febre e candidíase. O mais importante é mesmo a pega. Todas as mães devem ter o apoio necessário para aprender a dar de mamar. Lembre-se: a prática faz a perfeição, e quando já domina o processo, tudo fica mais simples!
  2. Dificuldades na lactação. Nos primeiros dias pode sentir-se ansiosa por causa da “língua presa”, ou por não saber se o seu leite vai subir, ou sentir-se incomodada com a subida do leite. Saiba que o leite a escorrer dos seios é comum (em alguns casos esguicha, noutros pinga). Abasteça-se de lanolina para acalmar a pele, discos e conchas de amamentação, soutiens de amamentação, blusas e camisas que facilitem o acesso e lenços para se cobrir enquanto amamenta em público, se desejar.
  3. Medicamentos, álcool e cafeína. Tudo o que ingerir pode afetar o seu bebé. A questão é quanto. Como sempre, é importante ter moderação. Se aprecia um copo, dê algum tempo para o álcool sair do seu sistema naturalmente. Existem testes que pode usar em casa para detetar o nível de álcool no leite e que apresentam os resultados em poucos minutos.
  4. De miúda sensual a mamã leiteira. Não tem líbido? Não se preocupe, é temporário, hormonal, e a forma que a Mãe Natureza tem de a manter totalmente concentrada no seu bebé. O seu extraordinário corpo (sim, extraordinário: criar e cuidar de uma vida é um grande feito) precisa de tempo para se ajustar ao seu novo papel e funções. Fique descansada, a sua líbido vai regressar com o tempo.
  5. Aberto 24 horas por dia. Ser a única fonte de alimentação 24 horas por dia, 7 dias por semana pode fazer com que algumas mulheres se sintam um pouco “bovinas” (apesar da dose diária de bem-estar fornecida pela oxitocina). Use uma bomba para tirar leite, de forma a que o seu parceiro ou amiga(s) possam ajudar com a alimentação, dando-lhe a si algum descanso.  
  6. Leite materno ou leite de substituição. Não tem de escolher ou um ou outro. Muitas mulheres conseguem continuar a dar de mamar apesar dos problemas na lactação e com a ajuda certa encontram uma solução. Outras mulheres optam por dar suplementos para além do seu leite.

Contudo, caso não esteja a acontecer “como a natureza pretendia” tome uma decisão informada sem se sentir estigmatizada, pressionada ou julgada. O melhor conselho alguma vez recebido foi “não sejas uma mártir.” Não vivemos num mundo ideal. A vida é cheia de compromissos. Lembre-se de seguir o seu instinto. Você é quem se conhece melhor e sabe o que melhor funciona para si e para o seu bebé... e isso é o mais importante.