10 coisas que o seu corpo lhe reserva durante a gravidez

Descobriu que estava grávida e, de repente, um milhão de questões assolaram lhe o pensamento. Se por um lado está feliz, por outro existem dúvidas para as quais não tem resposta e, como sabemos, no geral, só nos falam do lado cor-de-rosa da maternidade.
Ao longo dos nove meses muitas coisas podem acontecer, umas melhores do que outras, o que faz com que, para algumas mulheres, a gravidez seja um período fantástico e, para outras, algo não tão bom de recordar. Sim. Existem mulheres que não gostam ou gostaram de estar grávidas e isso, para além de ser comum, não deve ser alvo de julgamento de ninguém.
Primeiro há que ter muita calma e respeitar o seu corpo. Lembre-se que o seu interior irá ajustar-se ao longo de três trimestres, criando espaço para o desenvolvimento do seu filho.
Isto vai fazer com que, em muitos casos, não se sinta propriamente bem… Mas, voltamos a dizer, é normal.

O que devemos, então, esperar ao longo da gravidez?
Se em alguns casos o primeiro trimestre passa despercebido, sem sinais físicos de que vem um bebé a caminho, noutros é quase impossível disfarçar.

1. Muitas vezes, com a gravidez surge a prisão de ventre e, como consequência, um inchaço maior da barriga. Nestes casos, a ingestão de fibras e muita água ajudarão a regular o trânsito intestinal, ainda que, em vários casos, é necessário recorrer à ajuda de alguns fármacos destinados a mulheres gestantes - sempre por aconselhamento médico.

2. A bexiga é dos primeiros órgãos a dar sinal de uma gravidez. A frequência com que passa a ir à casa de banho aumenta consideravelmente e isso está diretamente relacionado com o aumento do funcionamento dos rins, segundo Haywood L. Brown, médico ginecologista e obstetra e presidente do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas. Uma curiosidade, segundo o mesmo especialista, é que a atividade dos rins aumenta quando nos deitamos e diminuiu quando estamos de pé. Durante a gravidez, esta característica torna-se muito mais notória e, é por isso, que ouvimos tantas vezes as grávidas a queixarem-se das várias “viagens” que fizeram durante a noite até à casa de banho!

3. As náuseas são, talvez, a queixa mais frequente das gestantes. Ainda que não exista uma explicação comprovada, segundo um artigo publicado pela US National Library of Medicine National Institutes of Health, o que se pensa é que estes enjoos estejam relacionados com a hormona beta-HCG, cuja concentração aumenta ao longo da evolução da gravidez. Nestes casos, o que se costuma recomendar é a ingestão de refeições leves e menores, várias vezes ao dia, a ingestão de uma ou duas bolachas antes de se levantar da cama, beber água entre refeições e repouso. Em casos extremos, o seu obstetra poderá receitar-lhe medicação específica para o efeito. Não tome nada sem consultar um especialista, mesmo que sejam soluções “naturais”.

4. Outra alteração com a qual pode contar é o aumento não só do peito como das auréolas dos mamilos, que ficam também mais escuras. E sabe o porquê desta transformação? Nós explicamos! O bebé, ao nascer, tem uma visão muito reduzida. Pesquisas do ISAVI, Instituto de Salud Visual, explicam que o bebé ao nascer apenas distingue algumas tonalidades sendo o campo de visão, na sua maioria constituído por sombras, claro e escuro. A diferença de tonalidade dos mamilos, assim como o aumento do seu tamanho, facilita o bebé a encontrar o caminho certo para a hora da refeição. Sim, a natureza é sábia e adapta o seu corpo às necessidades do seu bebé.

5. O seu coração vai passar a distribuir sangue a dobrar, isto pode levar a um cansaço maior.  Haywood L. Brown, indica que, pelo final da gravidez, um quinto do sangue bombeado pelo coração seja exclusivamente para o seu útero. É normal, durante o segundo trimestre, sentir algumas tonturas e quebras de tensão. Mantenha o seu obstetra atento a todas as alterações que sentir já que, no risco de tensão arterial elevada, existem riscos para a sua saúde e do seu bebé.

6. Possivelmente vai sentir as suas pernas e pés a incharem. O crescimento do útero afeta o retorno do sangue dos membros inferiores e região pélvica ao coração. Nestes casos, o que se recomenda é a utilização de roupas leves e largas, o repouso com as pernas mais elevadas do que o corpo e que durma virada para o lado esquerdo. Aliás, a partir do quinto mês, os obstetras recomendam que a grávida não durma de barriga para cima, uma vez que o peso do bebé faz pressão na veia cava inferior, a responsável pelo transporte do sangue venoso do abdómen e dos membros inferiores para o coração. Isto faz com que exista uma diminuição do fluxo de sangue entre a mãe e o feto, podendo ser prejudicial à saúde de ambos.

7. Em “Sexualidade na Gravidez e Após o Parto” (Editora Clínica Psiquiátrica dos Hospitais Universitários de Coimbra), Ana Isabel Silva, investigadora no Departamento de Psicologia da Universidade do Minho e na Maternidade Júlio Dinis, no Porto, e Bárbara Figueiredo, professora associada do Departamento de Psicologia da Universidade do Minho, explicam que as variações hormonais, aliadas às alterações físicas podem levar a uma certa rejeição do seu novo corpo, uma quebra de auto-estima e até à diminuição do apetite sexual ao longo dos nove meses. Muitas vezes, durante os dois primeiros trimestres, as mulheres não se sentem grávidas, sentem-se mais “gordas” e isso exige paciência e compreensão por parte dos parceiros e calma para as grávidas! Lembre-se, o seu corpo está a criar uma casa para o seu bebé.

8. A pele também poderá manifestar-se durante a gravidez. Para além das já conhecidas estrias, que dependem em muito da sua genética, ainda que as possa tentar evitar usando um bom creme hidratante e a ingestão de bastantes líquidos, é possível que desenvolva um melasma. Esta condição consiste no aparecimento de um pigmento de cor acastanhada, semelhante a sardas. Podem aparecer em qualquer parte do corpo, ainda que a face seja o local mais comum onde estas manchas surgem. É também comum o aparecimento de uma linha escura no meio do abdómen. A parte boa é que, na maioria dos casos, todas estas manchas vão desaparecendo faseadamente durante os meses seguintes ao parto.

9. Os seus músculos e ossos também vão dar de si. Isto porque, segundo Haywood L. Brown, as duas articulações e ligamentos da região pélvica ficam menos rígidos e mais flexíveis para que a mulher ganhei espaço no seu corpo para o aumento do útero e preparação para o parto. É também comum, com o aumento de peso e alteração da postura corporal da mulher, o aparecimento de dores lombares e ciáticas.

10. Por fim, as insónias. No último trimestre é rara a mulher que consegue ter uma noite inteira de descanso. Seja pela ansiedade ou desconforto físico, as últimas semanas podem ser desgastantes, levando a grávida a ter algum “desespero”. Mas lembre-se, mais uma vez, a natureza é sábia e o seu corpo está a prepará-la para a próxima viagem: a chegada do seu bebé que, quer queira quer não, precisará de se alimentar a cada 3 ou 4 horas, ou seja, uma noite de sono inteira, provavelmente, só daqui por uns meses!

A parte boa de todas estas alterações é saber que serão por uma boa causa e que, em breve, terá o seu bebé nos braços! Encare estas alterações como algo normal e lembre-se: durante nove meses tem, dentro de si, dois corações a bater!